SERGIO DE MATOS

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domingo, 14 de outubro de 2012

HISTORY GAY



Foto de 1940. Nessa época usavasse o termo "fazer trottoir" quando alguém estava andando em lugares públicos "caçando" alguém para uma diversão.
Trechos sobre o dialeto colorido
“Como em toda cultura, os homossexuais masculinos inventam o seu próprio e pequeno dicionário. Através dele se identificam, se comunicam, constroem amizades, solidariedades, buscando sobreviver a um entorno geralmente hostil. Whitaker reuniu, em 1938, parte dessa gíria:
Homem rico: micha.
Rapaz moço sem dinheiro: bofe.
Pederasta passivo: bicha.
Pederasta passivo que leva boa vida: bicha sucesso.
Quando estão com raiva, vão brigar, dizem: vou dar baile.
Ser identificado pela polícia: tirar o scratch.
Copular: fazer micha.
Pederasta novo: frango.
Mictório: bangalô.
Quarto: chatô.
Dinheiro: gaita.
Salão de baile: lugar para sucesso.
Pênis: rédea.
Passar a mão no pênis de um indivíduo: fazer crochê.
Soldado: chafra.
Pederasta com certos recursos monetários: bicha bacana.
Nem sempre essas gírias são exclusivas dos homossexuais, como “gaita”, quase todas já não são faladas hoje, ou tiveram seu sentido mudado, como “bofe”, que também significa a meretriz decadente. E evidentemente a lista pode ser muito mais extensa. Alguns anos depois, outro estudo, Homossexualismo Masculino, de Jorge Jaime, cuja segunda edição é de 1953, relaciona a homossexualidade diretamente ao crime e apresenta uma parte precisamente intitulada “A gíria homossexual e o crime”. Seguem alguns fragmentos:
Para o conhecimento mais perfeito de um determinado grupo social, o estudo da gíria falada pelos indivíduos que o compõem é de suma importância. Ela traduz, no seu primitivo, todos os problemas, hábitos e o índice de moralidade de uma classe. São de uso corrente entre pederastas expressões como estas, que envolvem na sua essência a prática de pequenos delitos:
Fazer tricot, fazer crochet, tricotar: masturbar homens em cinema ou lugares de grande aglomeração. (...)
Meicar: furtar pequenos objetos em lojas comerciais. (...)
Suar: furtar relógios, jóias ou dinheiro dos homens que com eles copulam. Às vezes esses crimes são praticados por dois pederastas ao mesmo tempo: enquanto um vai para rua caçar a vítima, o outro fica escondido dentro do armário. Já no quarto, agem de comum acordo. O primeiro despe o incauto colocando as suas roupas penduradas nas costas de uma cadeira. Fecha as luzes. Durante o coito, o segundo, saindo do seu esconderijo, consegue facilmente apropriar-se dos valores do ativo. Dividindo depois o produto do furto. (...)
Fugir da titia Cleides: esconder-se dos carros policiais da radiopatrulha.
Fazer michê: deixar-se sustentar por pederastas ativos.
Babalu: pederasta ativo que se entrega às práticas homossexuais mediante retribuição monetária. 
Já em agosto de 1977, a revista Veja, numa ampla matéria intitulada “Um gay power à brasileira”, incluía no final um boxe com a gíria em circulação no período:
“Bofe”, “tia”, um dialetos para entendidos.
Em conversas entre si – ou nas colunas e publicações especializadas –, os homossexuais utilizam palavras e expressões que, para os não-iniciados, soam como um dialeto fechado. A seguir, uma relação das mais empregadas atualmente no Brasil – inclusive algumas já de uso quase corrente:
Arrematar um modelito – Travar relações com um garoto.
Assumido – Que não faz segredo de sua homossexualidade.
Assumir – Postura psicológica e social de quem é “assumido”.
Babalu (RJ) – Rapaz que se relaciona sexualmente com homossexual por dinheiro.
Bofe (SP) – O mesmo que babalu.
Boy - Garoto que mantém relações com homossexuais.
Clube – Boate ou bar freqüentados por homossexuais; ponto de encontro gay.
Dar bandeira – Deixar claro (por atitudes ou palavras) que é homossexual.
Elo (SP) – Pronome (variação de “ele” e “ela”) para designar travesti.
Enrustido – Aquele que esconde ou oculta sua condição de homossexual; o contrário de“assumido”.
Entendido – Homossexual.
Fazer uma calçada – Fazer trottoir.
Fazer uma criança – manter relações sexuais com um boy ou modelito.
Fazer um cinema – procurar bofes ou babalus no interior de cinemas do tipo Íris (RJ) ou República (SP).
Lixo – Machão.
Mala – Órgão sexual masculino.
Maricona – Homossexual de idade avançada – ou que apresenta ter.
Michê – Prostituto.
Modelito – Garoto; boy.
Pititinga (RJ) – Homossexual pobre.
Senhor – Lésbica.
Tia – O mesmo que maricona.
Vapores – Sauna para homossexuais.
Viajar – Manter relações sexuais.”
Fontes: Frescos Trópicos – Fontes sobre a Homossexualidade Masculina no Brasil. JAMES N. GREEN E RONALD POLITO (1870-1980). Rio de Janeiro: José Olympio, 2006;
Estudo biográfico dos homossexuais (pederastas passivos) da capital de São Paulo. Aspectos da sua atividade social (costumes, hábitos, apelidos, gíria).EDMUR DE AGUIAR WHITAKER. Arquivos de Polícia e Identificação, São Paulo, 1938;
Homossexualismo masculino. Jorge Jaime. Rio de Janeiro: O Constructor, 1953;
“Um gay power à brasileira”. Revista Veja, São Paulo, 24-08-1977

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