SERGIO DE MATOS

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domingo, 1 de março de 2015

DILMA AGUARDA A HORA DA RENUNCIA

 A PRESIDENTA ISOLADA 
E SÓ AGUARDA A HORA DA RENUNCIA

O isolamento da presidente chega a ser constrangedor. 
Fala apenas a seus eleitores, que encolheram, já que mais da metade 
da população a vê como "desonesta" e "falsa" (vide recente pesquisa da FSP).
 Tudo por culpa sua, resume editorial do Estadão. 
Difícil acreditar que chegue ao fim do mandato:

A presidente Dilma Rousseff chega ao fim do segundo mês de seu novo mandato 
enfraquecida, desacreditada e, pior, criticada até mesmo por seus companheiros 
de partido, em razão do isolamento que se impôs ao se afastar das lideranças 
do PT e do principal partido de sua base de sustentação no Congresso,
 o PMDB. Ela, exclusivamente, é responsável por tudo isso. Incapaz,
 desde a confirmação de sua vitória eleitoral no ano passado,
 de qualquer gesto que apontasse na direção de um entendimento
 ou aproximação com os diferentes setores da sociedade, inclusive 
os que a ela se opuseram nas eleições - afinal, ela não 
é a presidente só de seus eleitores -, desperdiçou inteiramente 
o período de confiança de que costumam desfrutar governantes em início de mandato.
Por ação ou inação, fez seu prestígio popular despencar para níveis sem precedentes. 
Mais da metade da população entende que a chefe do governo é "desonesta" e "falsa",
 de acordo com recente pesquisa do Datafolha. 
A vertiginosa queda de popularidade da presidente tornou-se assunto internacional.
 Publicações conceituadas como Time, Financial Times e The Economist 
estendem-se em críticas acerbas à situação econômica do País
 e à maneira como ela é conduzida por Dilma. Em sua última edição para 
a América Latina, The Economist traz na capa a irônica imagem 
de uma passista de escola de samba que se afunda num lodaçal verde,
 sob o título Atoleiro do Brasil.
A crise em que o País está mergulhado revela ao mundo o furo n'água 
 que resultou da decisão solitária de Luiz Inácio Lula da Silva de inventar 
uma sucessora que apresentou aos brasileiros em 2010 como gestora pública eficientíssima, 
a prodigiosa "mãe do PAC". É o que se observa também 
na São Paulo administrada por outro "poste" inventado por Lula.
Segundo o discurso orquestrado por Lula, o PT e Dilma são apenas
 "vítimas" de uma conspiração de direita por meio da qual "eles" se dedicam
 a "criminalizar" - é o termo da moda no lulopetismo - 
as conquistas sociais que tiraram a população brasileira da miséria.
Na vida real, porém, Dilma passou os quatro anos do primeiro 
mandato acumulando erros que compõem o amplo e bizarro panorama 
do que se pode chamar de "estilo Dilma de governar", caracterizado 
pela soberba de uma militante sectária que, por acreditar que sabe tudo, não ouve ninguém.
Dilma assumiu a chefia do governo em 2011 sentindo-se
 toda poderosa e disposta a corrigir as distorções liberais
 admitidas por seu antecessor. Mas escolheu o pior momento para isso,
 quando a economia globalizada enfrentava as consequências da crise de 2009 
e já não oferecia as mesmas perspectivas favoráveis nas quais Lula 
surfara tranquilamente. Partindo do princípio de que o governo pode tudo,
 inclusive gastar o que não tem, Dilma se dedicou a desconstruir os fundamentos 
da estabilidade econômica herdados do governo Fernando Henrique 
e mantidos por seu antecessor, para obter importantes conquistas 
nas áreas social e econômica.
No campo político, Dilma se dispôs à elogiável iniciativa de 
deixar sua marca de austeridade: promoveu "faxina" no governo, 
com a demissão de ministros envolvidos em malfeitos de toda natureza.
 Foi com sede demais ao pote. Lula, que indicara quase todos os demitidos, 
teve de explicar à pupila que a coisa "não é bem assim" e os "danos políticos", 
 provocados pela incapacidade política da presidente de aliar meios
 adequados a fins meritórios, foram logo reparados.
Os indícios mais ostensivos da insatisfação popular, não necessariamente com Dilma,
 mas com a situação do País, surgiram nas manifestações 
de rua de junho de 2013, que rapidamente se tornaram uma 
 ampla pauta de reivindicações. Assustada, como todos, Dilma 
reagiu fazendo o mais fácil: promessas. 
Prometeu de tudo, até um improvável plebiscito para tratar de reformas políticas.
Em 2014, deixou em segundo plano a deteriorada situação econômica
 para se dedicar ao projeto reeleitoral. E, como de hábito, prometeu 
o que podia e não podia, inclusive que jamais tocaria nos "direitos dos trabalhadores".
 Mentiu, como teve de admitir depois, não por palavras, mas por atos.
Poucos meses depois de reeleita com a ajuda de um marketing 
eleitoral competente, mas inescrupuloso, Dilma corre o risco de transformar-se 
em um fantasma político. Por sua culpa.

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