A PRESIDENTA ISOLADA
E SÓ AGUARDA A HORA DA RENUNCIA
O isolamento da presidente chega a ser constrangedor.
Fala apenas a seus
eleitores, que encolheram, já que mais da metade
da população a vê como
"desonesta" e "falsa" (vide recente pesquisa da FSP).
Tudo por culpa
sua, resume editorial do Estadão.
Difícil acreditar que chegue ao fim do
mandato:
A presidente Dilma Rousseff chega ao fim do segundo mês de seu novo
mandato
enfraquecida, desacreditada e, pior, criticada até mesmo por
seus companheiros
de partido, em razão do isolamento que se impôs ao se
afastar das lideranças
do PT e do principal partido de sua base de
sustentação no Congresso,
o PMDB. Ela, exclusivamente, é responsável por
tudo isso. Incapaz,
desde a confirmação de sua vitória eleitoral no ano
passado,
de qualquer gesto que apontasse na direção de um entendimento
ou aproximação com os diferentes setores da sociedade, inclusive
os que a
ela se opuseram nas eleições - afinal, ela não
é a presidente só de
seus eleitores -, desperdiçou inteiramente
o período de confiança de que
costumam desfrutar governantes em início de mandato.
Por ação ou inação, fez seu prestígio popular despencar para níveis
sem precedentes.
Mais da metade da população entende que a chefe do
governo é "desonesta" e "falsa",
de acordo com recente pesquisa do
Datafolha.
A vertiginosa queda de popularidade da presidente tornou-se
assunto internacional.
Publicações conceituadas como Time, Financial
Times e The Economist
estendem-se em críticas acerbas à situação
econômica do País
e à maneira como ela é conduzida por Dilma. Em sua
última edição para
a América Latina, The Economist traz na capa a
irônica imagem
de uma passista de escola de samba que se afunda num
lodaçal verde,
sob o título Atoleiro do Brasil.
A crise em que o País está mergulhado revela ao mundo o furo n'água
que resultou da decisão solitária de Luiz Inácio Lula da Silva de
inventar
uma sucessora que apresentou aos brasileiros em 2010 como
gestora pública eficientíssima,
a prodigiosa "mãe do PAC". É o que se
observa também
na São Paulo administrada por outro "poste" inventado por
Lula.
Segundo o discurso orquestrado por Lula, o PT e Dilma são apenas
"vítimas" de uma conspiração de direita por meio da qual "eles" se
dedicam
a "criminalizar" - é o termo da moda no lulopetismo -
as
conquistas sociais que tiraram a população brasileira da miséria.
Na vida real, porém, Dilma passou os quatro anos do primeiro
mandato
acumulando erros que compõem o amplo e bizarro panorama
do que se pode
chamar de "estilo Dilma de governar", caracterizado
pela soberba de uma
militante sectária que, por acreditar que sabe tudo, não ouve ninguém.
Dilma assumiu a chefia do governo em 2011 sentindo-se
toda poderosa e
disposta a corrigir as distorções liberais
admitidas por seu
antecessor. Mas escolheu o pior momento para isso,
quando a economia
globalizada enfrentava as consequências da crise de 2009
e já não
oferecia as mesmas perspectivas favoráveis nas quais Lula
surfara
tranquilamente. Partindo do princípio de que o governo pode tudo,
inclusive gastar o que não tem, Dilma se dedicou a desconstruir os
fundamentos
da estabilidade econômica herdados do governo Fernando
Henrique
e mantidos por seu antecessor, para obter importantes
conquistas
nas áreas social e econômica.
No campo político, Dilma se dispôs à elogiável iniciativa de
deixar
sua marca de austeridade: promoveu "faxina" no governo,
com a demissão
de ministros envolvidos em malfeitos de toda natureza.
Foi com sede
demais ao pote. Lula, que indicara quase todos os demitidos,
teve de
explicar à pupila que a coisa "não é bem assim" e os "danos políticos",
provocados pela incapacidade política da presidente de aliar meios
adequados a fins meritórios, foram logo reparados.
Os indícios mais ostensivos da insatisfação popular, não
necessariamente com Dilma,
mas com a situação do País, surgiram nas
manifestações
de rua de junho de 2013, que rapidamente se tornaram uma
ampla pauta de reivindicações. Assustada, como todos, Dilma
reagiu
fazendo o mais fácil: promessas.
Prometeu de tudo, até um improvável
plebiscito para tratar de reformas políticas.
Em 2014, deixou em segundo plano a deteriorada situação econômica
para se dedicar ao projeto reeleitoral. E, como de hábito, prometeu
o
que podia e não podia, inclusive que jamais tocaria nos "direitos dos
trabalhadores".
Mentiu, como teve de admitir depois, não por palavras,
mas por atos.
Poucos meses depois de reeleita com a ajuda de um marketing
eleitoral
competente, mas inescrupuloso, Dilma corre o risco de transformar-se
em
um fantasma político. Por sua culpa.
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