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sexta-feira, 17 de abril de 2015

..IMPEACHMENT JÁ.O que fazer para, dentro da lei, derrubar Dilma

O que fazer para, dentro da lei, derrubar Dilma

Cartão vermelho (Foto: Arquivo Google) Ricardo Noblat
Por onde acossar Dilma Rousseff de modo a que se torne viável o pedido
 de impeachment dela?
A oposição está à procura de uma resposta à pergunta.
 Não será fácil encontrá-la.
Impeachment é um processo político. Só pode ser instalado com
base em alguma denúncia de crime de responsabilidade cometido
pelo presidente da República.
Mas isso não basta. Para prosseguir e ter êxito, o processo haverá
de contar com a maioria dos votos de deputados federais e senadores.
Essa gente não derruba um presidente se não for fortemente pressionada
por multidões que saíam às ruas.
João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro do PT preso, anteontem,
como suspeito de envolvimento na roubalheira da Petrobras,
 recolheu de 21 empresas cerca de R$ 31 milhões doados à campanha
de reeleição de Dilma,
 segundo Bruno Góes, repórter e O Globo.
Parte do dinheiro – R$ 5,7 milhões - saiu dos cofres de três empreiteiras
investigadas pela Operação Lava-Jato. A saber: Andrade Gutierrez; Odebrecht e Braskem.
Problema: como conseguir separar o dinheiro de corrupção que entrou
 na campanha de Dilma do dinheiro doado legalmente?
O ex-gerente de serviços da Petrobras Pedro Barusco afirmou
em sua delação premiada que Vaccari recebeu cerca de US$ 200 milhões em nome
 do PT do esquema de propina das empreiteiras.
Problema: como identificar o dinheiro sujo que entrou na campanha do PT?
Existe outro flanco a ser explorado por quem se interessa em depor Dilma:
a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que considerou que
 as manobras fiscais feitas em 2013 e 2014 pela equipe econômica do governo,
destinadas a melhorar as contas públicas, feriram a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Se isso de fato ocorreu configura crime de responsabilidade.
Restará ver se o crime foi cometido com ou sem o conhecimento de Dilma.
Isso levaria tempo. Muito tempo. E ao fim e ao cabo, o sucesso
do impeachment dependeria da popularidade de Dilma à época.
Ano XI - 17 de abril de 2015

Homem de Lula – 1
José Múcio Monteiro Filho, ministro do TCU desde 2009, teve seu voto aprovado,
por unanimidade, pelo tribunal, no qual conclui que as manobras
 feitas pelo governo em 2013 e 2014 para melhorar, artificialmente,
 as contas públicas, feriram a Lei de Responsabilidade Fiscal –
o que é crime. Para quem tem memória curta: ele foi quatro vezes deputado federal
 por Pernambuco, em 2003 pulou para o PTB, foi líder do partido na Câmara,
 defendeu Roberto Jefferson na explosão do mensalão, em 2007
virou líder do governo Lula e depois, ministros das Relações Institucionais.
 Era considerado, na época, um homem de Lula e foi premiado para uma vaga no TCU.
Homem de Lula – 2
Quem decidiu, depois de uma reunião em São Paulo com Rui Falcão,
presidente do PT, que Rui Vaccari Neto poderia ser afastado do cargo de tesoureiro do partido,
 foi Lula. Dois dias antes, o mesmo Lula decidira que ele ficaria na tesouraria.
 Detalhe: ninguém nunca se atreveu a discordar das decisões do ex-presidente
 sobre Vaccari porque ele sempre foi considerado um homem de Lula.
E além disso,  com grandes laços com a Odebrecht, maior empreiteira
 do país e patrocinadora das viagens e palestras de Lula pela América Latina.
 Resumo da ópera: há quem aposte que PF e Ministério Público
 já investigam doações ao Instituto da Cidadania.
Fator família
A cúpula petista (e o próprio Lula, a quem Vaccari sempre deu satisfações de seus atos)
 tem certeza de que o ex-tesoureiro do PT “não é um Delúbio”,
ou seja, que a tranquilidade demonstrada na prisão e mesmo na chegada
 a Curitiba não reflete o emocional dele.
 Nas primeiras horas, estava visivelmente transtornado pela prisão –
 mediante condução coercitiva – de sua mulher Giselda. Por enquanto
, os petistas avisam que não há possibilidade de Vaccari topar uma delação premiada.
 Salvo, contudo, se a pressão sobre o lado familiar continue
e ganhe novos rounds, o que faria o ex-tesoureiro balançar.
Outro Fiat Elba
Para o pessoal da oposição – e mesmo para alguns petistas –
 a lavagem de dinheiro da Petrobras em uma gráfica ligada ao PT
e que fez trabalhos para a campanha de 2014, pode ser o que já começa
a ser chamado de outro Fiat Elba. O processo de impeachment de Fernando Collor
demorou três meses e ele só foi detonado pela compra de um Fiat Elba para
 a família com recursos do esquema de PC Farias.
Tirando o corpo
Algumas figuras ligadas ao Planalto que sempre surgiram em crises do PT
dispostas a defender o partido ou até lançar manifestos na defesa da estrela
 vermelha evaporaram nas últimas horas. Nem seus braços sindicais colocaram
a cabeça para fora. Alguns, como o próprio Rui Falcão, presidente da legenda
, soltou um comunicado e se limitou a dizer que “todos são inocentes
até que se prove ao contrário”.
No Planalto, a ordem de Dilma aos ministros foi curta e grossa:
 “Não quero ver ninguém defendendo o Vaccari, hein?”
À beira de um ataque
Desde a prisão de João Vaccari Neto, a presidente Dilma Rousseff
está à beira de um ataque de nervos (não gosta e sempre desconfiou dele),
 com direito a algumas explosões de praxe.
 Ela defendia o afastamento do cargo do tesoureiro do PT.
 Quem resistia era Rui Falcão, obedecendo determinações de Lula
. Dilma achava que o governo estava respirando melhor com a menor
adesão aos movimentos de domingo e com a escalação de Michel Temer
para a articulação política.
 A prisão de Vaccari enterrou a cena, aumentando a ira dos brasileiros.
Estilo Levy
Joaquim Levy fez uma limpeza nos quadros do Ministério da Fazenda de maior
 proximidade com ele e trouxe gente de fora, de sua confiança.
 O que ainda não conseguiu afastar, simplesmente ignora. Só que –
 e isso é uma surpresa apenas para os que não conhecem bem Levy –
 também costuma dar broncas em subordinados nas reuniões.
 Aí, outro problema: ninguém sabe se está falando sério ou brincando.
De ocasião

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