UM NOVO E MODERNO CONCEITO DE MORADIA
PARA A NOVA CLASSE MÉDIA DO BRASIL
COM ÁGUA DA LAMA QUANDO CHOVE
.LUZ NATURAL DO SOL E DA LUA
,
SEGURANÇA PARTICULAR DE JAGUNÇOS
SEUS MORADORES SÃO FELIZES
PORQUE RECEBEM BOLÇA MISÉRIA
_
NA PERIFERIA DE TERESINA/PI,
UM RETRATO DA MISÉRIA DO POVO BRASILEIRO,
EM ÁREA INVADIDA POR MAIS DE 1000 PESSOAS,
E QUE NÃO ESTÁ NA PROPAGANDA DO PT...
"A servente dona Branca, líder comunitária da Vila Dilma Rousseff
e eleitora da presidente-candidata
- Casebres de taipas em uma das vielas da invasão Dilma Rousseff,
na periferia de Teresina (PI) -
'Esqueleto' de novos casebres em construção na Vila Dilma Rousseff.
Associação estima que cerca de 1.000 famílias vivem no local
O camelô Carlos da Silva Gomes
e a mãe Maria Isabel da Silva em frente à casa
onde vivem na Vila Dilma Rousseff, em Teresina
(PI)
http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-fotos/conheca-a-vila-dilma-rousseff-
teresina-piaui
O sol a pino, o tempo seco e a temperatura diária por volta dos 38 graus
castigam Teresina entre setembro, outubro e novembro,
época do ano que os nativos apelidaram de "b-r-o-bró",
sílaba final dos três meses mais quentes do ano na capital do Piauí.
A condição é ainda mais penosa para os moradores da Vila Dilma Rousseff,
uma favela formada por casebres de taipas na Zona Norte da cidade
. A vegetação local, formada por cajueiros e palmeiras
(ou pindobas, como são chamadas no Estado),
oferece pouca proteção do sol. Caminhar nas vielas de terra
durante o dia torna-se uma tarefa árdua.
Apesar de levar o nome da presidente-candidata, líder de intenção de voto no Estado,
a invasão, distante 18 quilômetros do centro,
parece ainda mais longe do poder público: falta água encanada,
energia elétrica e saneamento básico mínimo – banheiro em casa é um privilégio.
Criada há mais de três anos, a “vila” (um eufemismo local para favela
) abriga atualmente cerca de 1.000 famílias, segundo moradores ouvidos pela reportagem.
As palavras mais pronunciadas entre eles são "água", "energia" e "gambiarra",
um resumo das carências mais urgentes.
No último levantamento, em meados de 2013, havia 658 famílias
e mais de 800 barracos de pé –
os que continuam vazios ou fechados pertencem a quem os vizinhos chamam de aproveitadores.
Os moradores construíram os casebres de cômodo único por conta própria,
erguidos com talo de babaçu preenchido com barro.
A madeira fina, típica da região, compõe a cerca.
As folhas secas das palmeiras cobrem os telhados –
embora a maior parte dos moradores esteja comprando telhas
para evitar ataques incendiários na madrugada.
A palha tem outra serventia:
funciona como tampão nos cercadinhos nos quintais, onde se toma banho de balde.
Na entrada da invasão, destaca-se um pé de faveiro,
árvore do cerrado com copa mais larga. Nela,
está pregada a placa que dá ares de legalidade: "Assentamento Dilma Rousseff".
Não há nenhuma outra formalidade que indique a presença do poder público na favela,
aberta na periferia do bairro Santa Maria da Codipi.
A água e a luz são puxadas ilegalmente das redes de um condomínio vizinho,
construído com recursos do programa Minha Casa Minha Vida.
Para se refrescar, os moradores armazenam água em baldes
e anilhas de concreto que funcionam como caixa d’água improvisada.
Ou vão tomar banho de rio.
A invasão estabeleceu-se ao lado do maior conjunto habitacional do Estado,
o Residencial Jacinta Andrade, com 4.300 casas de alvenaria.
Uma nova leva de casas do Residencial Mirante de Santa Maria da Codipi,
de 648 unidades e orçamento de 20 milhões de reais, também permanece fechada
, sem nenhum morador, à 700 metros de distância.
Apesar da condição menos degradante, lá também passou a faltar água neste ano
, o que levou os mutuários a abandonarem o lugar.
O Ministério Público do Piauí investiga a distribuição de casas a moradores
que não se encaixavam nas regras do programa e a revenda proibida.
Moradores também denunciaram à Polícia Federal que casas
eram usadas como “veraneio”, para festas e churrascos.
O Ministério Público Federal abriu uma ação civil pública
para apurar desperdício de dinheiro público na obra do Jacinta Andrade,
que atravessou os períodos de governo dos últimos três chefes do Executivo locais
, ex-aliados que agora protagonizam a disputa.
Ao custo de 147 milhões de reais,
a construção lançada no governo Wellington Dias (PT), candidato a retornar ao posto,
atravessou o mandato do seu sucessor e agora desafeto,
Wilson Martins (PSB), e permanece incompleta no mandato-tampão
de Zé Filho (PMDB), ex-vice de Martins, que assumiu o governo em abril e concorre à reeleição.
Trabalhadores sem-teto que não conseguiram
ser sorteados para receber uma casa do condomínio Jacinta Andrade ergueram a favela.
O terreno baldio era rota de fuga, esconderijo de traficantes e local de desova de corpos,
além de palco de execuções e linchamentos.
Em uma reunião com catorze líderes comunitários na prefeitura de Teresina,
decidiram homenagear a presidente recém-eleita.
“Na época a gente precisava de um nome forte e o mais forte era o da presidente”,
diz Branca, como é conhecida a auxiliar de serviços gerais
Risomar Granja Nascimento, de 45 anos.
Branca é um exemplo do pragmatismo teresinense. Filiada ao PCdoB,
trabalhou em 1989 na campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Neste ano, é cabo eleitoral do governador Zé Filho (PMDB).
Ela conta que passou a presidir o conselho comunitário da Vila Dilma Rousseff
com ajuda da primeira-dama de Teresina,
Lucy Soares, mulher do prefeito Firmino Filho,
do PSDB.
Neste ano, também comprometeu-se a trabalhar pela eleição do sobrinho do prefeito
, Firmino Paulo (PSDB), para deputado estadual. Mas vota em Dilma –
não no PT, ressalva. “Voto para presidente é uma questão minha,
eu que tenho de escolher”, justifica.
“A presidente Dilma tem um cartaz doido por aqui.
Meu voto é da Dilma. Mas por causa do Lula, isso não nego para ninguém.
Eu preferia que ele fosse candidato,
porque sou pernambucana como ele.
E ele só ganha meu voto para a Dilma,
porque eu conheço os outros candidatos do PT daqui.”
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